Este blog destina-se aos meus poucos verbos de versos roucos que nascem aos tropeções e nas horas mais inesperadas.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Procuro o
entendimento e a cegueira
porque hoje meus dias se contam
pelos teus olhos.
fio desrazoes, desfio crencas, desafio
estranhamentos,
Já que pelos meus pensamentos volitam os teus.
Minha
breve idade tenue
estava a salvo de
ilusoes e felicidades
em meio ao deserto do profeta.
Eu,
poeta, pura concessao, nenhuma exigencia,
permaneco atenta
galgando
degraus fragmentarios
ganho a luz (e a cegueira) e me
deslumbro
com a fissao trazida pelo tato.
REENCONTRO
Quando nos
reencontrarmos e eu puder dizer
que voce veio na hora certa,
que sua falta eu senti,
talvez me ria de mim mesma, lembrando
dos milhoes de rostos que te dei,
que inventei a cor de seus cabelos...
que sua falta eu senti,
talvez me ria de mim mesma, lembrando
dos milhoes de rostos que te dei,
que inventei a cor de seus cabelos...
Mas eu fico aqui sem
saber o que dizer
porque as ausencias não tem voz,
e me quedo como um corpo negro e estranho
porque as ausencias não tem voz,
e me quedo como um corpo negro e estranho
me furtando de toda alacridade e só.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Tanto fiz para te desamar
e te esquecer e te odiar
te difamar
Tripudiar da sua dor,
Te achar em outros gozos
Me desdizer, arrancar os pelos
aos puxões de destempero
jogar os versos, aquele poema
que fiz pra você...
pra me render de novo
ao te ver e me entregar
e ter prazer e me esquecer
de te contar que eu fiz de tudo
pra não te perder, pra não
chorar e te dizer:
-voltei.
POUCAS LINHAS
*Para que céu irão os filhos insepultos?
*Vão-se os poetas. Ficam os dilemas.
*Dias pequenos encurtam a vida.
*Maus acasos embaralham os dias.
*Às vezes nascem flores no jardim do mal.
*Vão-se os poetas. Ficam os dilemas.
*Dias pequenos encurtam a vida.
*Maus acasos embaralham os dias.
*Às vezes nascem flores no jardim do mal.
No princípio
No princípio, Deus era Deus e ponto final. Qualquer coisa você que se houvesse diretamente com Ele. Mas parecia que Deus ainda não era suficientemente bom, então, decidiram que Deus era três. Desta feita, Deus virou católico. Houve até um tempo que Deus era brasileiro, mas foi coisa rápida e, logo, ele adquiriu cidadania europeia. Daí pra frente, Deus ficou mais liberal e foi muitos. Foi até mulher! Bons tempos, esses... Hoje, Deus precisa de congregações, denominações e até de alguns milhões e virou evangélico. Nada contra, mas estou esperando o dia em que Deus seja um pouco mais humano, melhor dizendo, humanitário e largue dessa mania de ser religioso.
sábado, 27 de outubro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
HORAS MORTAS
A
hora de agora?
Não importa
Já se faz morta
A exemplo das outras
Imprecisas e tortas
Que nada comportam
Além das vidas que cortam
EXangues e improprias
Já que sonâmbulas caminham
Assim.
Não importa
Já se faz morta
A exemplo das outras
Imprecisas e tortas
Que nada comportam
Além das vidas que cortam
EXangues e improprias
Já que sonâmbulas caminham
Assim.
HÓSPEDE
Anda,
devasta, inventa, disfarça mundos
Enquanto
os segundos...
Já
me fez gozar?
De
volta do lastro
Quem
sabe do Lácio,
Me
bate a porta...
Qual
deles será?
Então
entra e me beija
Me
chupa, me chama de sua....
Já
sei...
Vai
me fazer chorar...
Então
parte de novo.
Parte
de novo que te despeço!
Vai...
e me cospe, me culpa
Me
chama de puta,
Não
adianta!
Não
vou vou mais te hospedar.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Bandalha
Sigo
o som
com
os olhos
Sobre
duas rodas
Sigo
a fuligem
Com
o olfato
Do
carro
Inalo
Miragem
No
asfalto
Estalo.
MEIO A MEIO
Meias
linhas
Meio
versos
Meios
fios
De
pensamento
Meios
risos
Meio
amor
Meio
vazio
Um
tanto
Cheio
de frio
E
ao relento.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Jardim
Violeta
violenta me inunda o peito e as entranhas.
Me
incha os seios, a boca e a garganta.
Violeta violenta que nada planta, apenas arranca e se dilui nas
veias.
Entretanto,
de espanto vem a contenda:
vem
a paz depois da tormenta.
Vem
do pranto, dos que lacrimejam,
a
beleza do canto dos que plantam
roseiras
vermelhas e brancas.
Para Mirella Miranda, com afeto. Sony Ferseck.
domingo, 21 de outubro de 2012
sábado, 20 de outubro de 2012
A gente veio de lá,
A gente veio da África,
A gente veio de todo lugar,
A gente veio de um lar quase normal,
Quase formal.
Nossa mãe era a de todo mal
Dela a gente via de onde vinha
Toda essa poesia entrelinhada de
Notícias de Jornal.
Agora a gente tá nessa.
Tá numa de pressa pra essa
De felicidade eventual
Aí eu fiquei velha e chata
Minha caloura francesa
Tanto faz pra onde
A gente vai, já faz tempo
que eu não quero mais saber
Se a China existe, você quer
Ir pra Marrakesh, afinal quem resiste?
Aí você foi ler Budapeste para cantar Chico.
Desisto de agito, vou pro Egito brincar de Gizé.
Para Ágda Caroline Silva dos Santos, com afeto, Sony Ferseck.
A gente veio da África,
A gente veio de todo lugar,
A gente veio de um lar quase normal,
Quase formal.
Nossa mãe era a de todo mal
Dela a gente via de onde vinha
Toda essa poesia entrelinhada de
Notícias de Jornal.
Agora a gente tá nessa.
Tá numa de pressa pra essa
De felicidade eventual
Aí eu fiquei velha e chata
Minha caloura francesa
Tanto faz pra onde
A gente vai, já faz tempo
que eu não quero mais saber
Se a China existe, você quer
Ir pra Marrakesh, afinal quem resiste?
Aí você foi ler Budapeste para cantar Chico.
Desisto de agito, vou pro Egito brincar de Gizé.
Para Ágda Caroline Silva dos Santos, com afeto, Sony Ferseck.
Valkiria
Valkiria da claridade passeava
Incólume e limítrofe a cada estrofe
Pelas bordas da intertextualidade.
Celulose iluminária referenciava
Meio mundo da littera aos que de
Espera morriam sem teoria.
Valkiria morena leve
Perita, os perdidos aos portões
da Sapientia.Para Suênia Kdidja de Araújo Feitosa, com afeto, Sony Ferseck.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Homem feito
Quando
você me nasceu
Já me nasceu assim:
Homem feito.
Barba na
cara, pelo no peito, viola arranhada e a ela afeito.
Me cantando
histórias de uma infância remota
Como se a tivesse deixado pelo
meio.
Me recitando poemas, meio que de Memórias,
Lamentando os
calos que já não existem nas mãos,
Rejubilando com gosto:- Os
meninos são sãos!
Quando
você me nasceu,
Já me nasceu assim: Homem feito, barba na cara,
pelo no peito.
Já era homem em todo trejeito
Se rindo do meu
espanto, da minha cara de medo.
Me dando alento em um grave canto,
Me dando voz em cada desejo, em cada gozo, em cada beijo e me dando
tanto, tanto.
Quando
você me nasceu
Já era assim, desse jeito : Barba na cara, pelo
no peito. Já era homem. Já era feito.
Menina
O tempo passava na voz da menina
Que de sentido em sentido se desfazia
Em relógio anti-horário.
Na risada da menina havia milhões
De projetos e eu que nem sei se
Vou ter netos a ouvia dizer que
Tudo vai dar certo.
Havia tantas vidas na voz da menina
Nem precisava reencarnacionistas
Para acreditar.
Era só ela dizer:
"Era assim quando eu era pequena.
Havia teto de palha e luz de lanterna.
Eram muitos irmãos, todos briguentos..."
A inocente anacronia na voz da menina
Corria veloz rumo a outra vida:
De menina crescida.
Poema feito sob encomenda para Raiane Costa dos Santos, com afeto
Sony Ferseck
Que de sentido em sentido se desfazia
Em relógio anti-horário.
Na risada da menina havia milhões
De projetos e eu que nem sei se
Vou ter netos a ouvia dizer que
Tudo vai dar certo.
Havia tantas vidas na voz da menina
Nem precisava reencarnacionistas
Para acreditar.
Era só ela dizer:
"Era assim quando eu era pequena.
Havia teto de palha e luz de lanterna.
Eram muitos irmãos, todos briguentos..."
A inocente anacronia na voz da menina
Corria veloz rumo a outra vida:
De menina crescida.
Poema feito sob encomenda para Raiane Costa dos Santos, com afeto
Sony Ferseck
Tráfego
Flores encarvoadas da fumaçava
De descargas desesperadas.
Jardins automotivos acarpetam a cidade.
Plantações fluorescente de iluminação mal planejada.
Os domadores açulam os motociclistas de molas quebradas.
Desacelerada no batimento,
Espinha gelada,
Sangue na curva da esquina.
Fechada.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
One million Dollar, baby
One million dollar, baby!
Quanto vale um coração?
How much I have pay?
Vale mais que um tanto de desilusão?
Pelo meu, nem lembro mais quanto dei...
There's nothing I want to say,
I want to stay here...
Posso penhorar um punhado de versos,
Todos por declamar...
One million dollar, baby!
Importa se o cheque voltar?
Preciso contar inconveniências antes de
destrocar aquele
One million dollar, baby
Em moeda nacional.
Could ya gimme any change?
Everything has a price -
Said the prince.
Valha-me São Valentim
Eu não tenho um tostão furado
But I must pay
Então dei o que não pude
Até meu sangue empenhei
Então diga, pelo menos eu tentei...
One million dollar, baby!
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Nabokoveta
E
eu fiquei lá estirada na grama
Ao
lado da bicicleta
Como
alguma coisa estranha
Que
doía nas entranhas de um homem,
Num
paroxismo Nabokoveta.
Mas
vou entrar antes que voce volte
Outra
vez a me mutilar
Com
seu par de olhos
Por
sobre meus óculos de sol
De
boneca
Traulitando
uma canção
Da
qual nunca esqueço a letra
Porque
voce sempre entra,
Sobe
as escadas, bate a porta
Abre
a gaveta e me violenta...
Sai,
escreve um livro
E
se proclama poeta...
E
eu fiquei lá, estirada na cama
Com
algo doído nas minhas
Próprias
entranhas...
Deve
ser mais uma tolice
De
outra criança
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Província
Talvez
desenvolva um vício oculto,
Ou
algum distúrbio,
Tudo
por sua culpa.
Talvez
corte os pulsos
Ou
nada tão deplorável.
Talvez
durma com vários
Homens,
ainda bem,
A
carne é retornável.
Mas
essa cidade é pequena
Demais
para ser assim
Tão libertária.
De arte são.
É de pedra a pena do poeta
e a sua caderneta
A caneta do escritor é parenta
da solidão
a cena do ator é sempre escuridão mesmo que na ribalta
é alta a filosofia do esteta
e insolente a habilidade do artesão
e então na sesta todos
deitam na esteira da profissão.
e a sua caderneta
A caneta do escritor é parenta
da solidão
a cena do ator é sempre escuridão mesmo que na ribalta
é alta a filosofia do esteta
e insolente a habilidade do artesão
e então na sesta todos
deitam na esteira da profissão.
Mulher Lua
Eis me aqui mulher e não sou tua?
E a culpa é de outra mulher,
a Lua, que ciumenta e
astuta percebeu
que sou de carne crua
E mais tarde quando te chamar para a rua
E a culpa é de outra mulher,
a Lua, que ciumenta e
astuta percebeu
que sou de carne crua
E mais tarde quando te chamar para a rua
Se oferecer já alta e nua
Vai te dizer: - Hoje ela não é tua...
Então palmas para Lua
que a Lua não menstrua...
Vai te dizer: - Hoje ela não é tua...
Então palmas para Lua
que a Lua não menstrua...
Tragada
Risco o fósforo e acendo o pensamento.
Pra que ferir de luz o fingimento?
Desgraça pouca é bobagem, penso.
Planto ilusões no cimento.
Hão de se contentar com água de paragem.
Negacear com o destino o que vem de
través talvez nao seja esperto.
Decerto alice se perdeu no espelho, despenso.
Tragada.
Apago o pensamento e minha angústia no cinzeiro.
Ventre Vazio
Moço, moço me ajude a procurar.
Uma vez eu tive um amor, era tão bom com ele deitar. A ele dei meu ventre e uma porção de bem amar.
Moço, moço ele me deu um filho, um menino bonito pra danar, parecia com o pai gostava de me ouvir ninar.
Moço, moço me ajude a procurar!
Esse homem que amei inventou de me desamar. Roubou meu menino dos braços e o deu para outra mulher criar.
Moço, moço me ajude a procurar!
O menino vai virar homem e eu não vou estar lá
Meu olhar se perdeu, meu leite começou a secar, meu coração feneceu e agora só sei clamar.
Moço, moço me ajude a procurar!
Uma vez eu tive um amor, era tão bom com ele deitar. A ele dei meu ventre e uma porção de bem amar.
Moço, moço ele me deu um filho, um menino bonito pra danar, parecia com o pai gostava de me ouvir ninar.
Moço, moço me ajude a procurar!
Esse homem que amei inventou de me desamar. Roubou meu menino dos braços e o deu para outra mulher criar.
Moço, moço me ajude a procurar!
O menino vai virar homem e eu não vou estar lá
Meu olhar se perdeu, meu leite começou a secar, meu coração feneceu e agora só sei clamar.
Moço, moço me ajude a procurar!
Dias de Amaranta
Sentava na varanda, na cadeira de balanço e perguntava onde na
tessitura negra de seus dias havia deitado os afetos coagulados.
Tecia seu próprio sudário.
Sentia um amofinamento proprio aos videntes antes das grandes
tragédias, coisas de vidente.
Ouvia cantoras repetidas e nao deixava de pensar que as vozes com o
passar do tempo acabavam parecidas e confundidas.
"-É fulana quem esta cantando?"
"- Nao, é sicrana."
"- Ah, mas sao tao iguais..."
E reconhecia que por um mau acaso nascera herdeira de uma imensidão de
dívidas morais que a genética não apaga.
Nem mesmo a solidão centenária,
salvaguarda arredia e determinada que velava a sina de toda estirpe.
tessitura negra de seus dias havia deitado os afetos coagulados.
Tecia seu próprio sudário.
Sentia um amofinamento proprio aos videntes antes das grandes
tragédias, coisas de vidente.
Ouvia cantoras repetidas e nao deixava de pensar que as vozes com o
passar do tempo acabavam parecidas e confundidas.
"-É fulana quem esta cantando?"
"- Nao, é sicrana."
"- Ah, mas sao tao iguais..."
E reconhecia que por um mau acaso nascera herdeira de uma imensidão de
dívidas morais que a genética não apaga.
Nem mesmo a solidão centenária,
salvaguarda arredia e determinada que velava a sina de toda estirpe.
Injetável
Droga de vida!
E ainda por cima, injetável na veia,
A única solução para ela é a iniludível,
Então preferível a redução de danos,
Vamos por panos quentes na cara do destino!
Acho que acabou meio decapitado...
Vamos oferecer-lhe nossos milhões de risos
Police(fálicos) e brindar com coquetel Molotov!
Hoje a gente pode brincar de Infinito!
Poema para o Roberto Mibielli, em ocasião de sua estada num leito de Hospital.
E ainda por cima, injetável na veia,
A única solução para ela é a iniludível,
Então preferível a redução de danos,
Vamos por panos quentes na cara do destino!
Acho que acabou meio decapitado...
Vamos oferecer-lhe nossos milhões de risos
Police(fálicos) e brindar com coquetel Molotov!
Hoje a gente pode brincar de Infinito!
Poema para o Roberto Mibielli, em ocasião de sua estada num leito de Hospital.
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