sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

MACUMBA

Eu vô pra macumba,
Eu vô pru candomblé!
Quarqué uma que truxé
Esse nego pru que dé e vié!
Vô falá cum orixá
Cum Iemanjá que tamém é muié,
Prá trazê esse nego
Bem rente nus meus pé!
Vô tumá banho de chêro,
De arfazema, de cuité,
Vô fazê os beiço preto
de bebê tanto mé!
Vô pulá sete maré,
Vô rezá uma reza forte,
A mais forte que tivé,
Eu vô fazê o que eu pudé
Pra tê esse nego nus meus pé.
E aí quando ele vié,
Cheio de dengo e rapapé,
Aí eu vô dizê:
Pode dá nu pé seu nego,
Agora sô eu que num mais qué!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

PESCADOR

Ondula o diafragma
sobre a negra vaga
das solidões oceânicas.
É profundo o escuro
preso na retina do anonimato.
Tantos atos afogados
No repuxo das pulsões
Sem farol nem barco.
Ô pesca dor, ô pesca dor!
Já não há porto!
Ô pesca dor, ô pesca dor!
É o mar, é Omar!
É o corpo, é o corpo!
É o mar, é Omar!
Está morto! Está morto!
À deriva no conforto
da negra vaga das solidões
oceânicas.