Antes que durmas,
Conte-me dos chilenos pobres que são
Mais felizes do que jamais seremos.
Conte-me como eram parecidos os amantes de Brandão,
Conte-me como não eram belos, mas ainda assim se amavam,
cantavam e dançavam como flores rodopiando no ar.
Conte-me dos lugares ermos e dos cabelos emaranhados de alegria,
Conte-me como vieram de países de línguas açucaradas
e de todo cancioneiro que tiravam de suas malas e escaletas.
Conte-me do filho brasileiro que na barriga ainda não tem paradeiro
porque a Terra será sua casa e o céu será seu teto.
Conte-me a coragem que os chilenos pobres têm
para serem livres como jamais seremos.
Antes de dormires faz com que feche meus olhos
e então acordaremos pobres como
os chilenos andarilhos ricos de felicidade.
Este blog destina-se aos meus poucos verbos de versos roucos que nascem aos tropeções e nas horas mais inesperadas.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
CHEGA DE SONHAR
Chega de sonhar
todo encontro é também despedida
todo beijo prenuncia a partida
Meu amor assim como chega
todo encontro é também despedida
todo beijo prenuncia a partida
Meu amor assim como chega
me deixa na ponta dos pés.
Chega de sonhar
Queira ou não queira,
o relógio trabalha a noite inteira
esperando a hora de você voltar
Como um verso malandro sambando
Como um verso malandro sambando
de chapéu panamá.
Chega de sonhar
Já são quase duas
Muitas horas já perdidas
e aquela velha dívida de me fazer feliz
você ainda não pagou
Eu já de saída, nem acreditava mais na sua vinda
e você chegou como um rei de algum deslugar
Me pegou pela cintura, colocou aquela música
Me pegou pela cintura, colocou aquela música
me puxou pra dancar, mas
de repente
a festa acaba e eu de coração na mão tenho que dizer
Chega de sonhar,
Você diz que já sabia
mas vai relevar
só por hoje e me diz
-Chega pra sonhar.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Quando da luz deslizava
Seu perfil em meu perfil de fumaça
Então meu desejo saía do papel.
Minhas mãos encarvoadas mentiam
E disfarçavam o medo de quem
Feriu de beijo ou de negror
Num gesto ardil que descortinava
As pupilas em brasa.
Pouco a pouco o vento desfaz
O trilho de fogo pelo caminho.
Mas salva a fagulha, continua vivo
Pelas candeias, nos desatinos
De Eros empinado pelo meio.
Só de fósforo incedeio o nanquim
de versos negros de desespero.
Seu perfil em meu perfil de fumaça
Então meu desejo saía do papel.
Minhas mãos encarvoadas mentiam
E disfarçavam o medo de quem
Feriu de beijo ou de negror
Num gesto ardil que descortinava
As pupilas em brasa.
Pouco a pouco o vento desfaz
O trilho de fogo pelo caminho.
Mas salva a fagulha, continua vivo
Pelas candeias, nos desatinos
De Eros empinado pelo meio.
Só de fósforo incedeio o nanquim
de versos negros de desespero.
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